Friday 10 September 2010

... poema do pecado original

...      (da sebenta de uma voz destrem-nada, a propósito do riso de algumas mães... e de pedras.)

           



A mãe que venceu no vazio
sem nada
um sorriso, o riso
o muito riso
no nada
segurando o filho
a filha 
contra o peito
a mão firme
firme
por amor
tremendo à noite nos sonhos
vencendo de dia
medos medonhos.

Desaparece a mãe
cresce a rosa
no coração dos filhos,
— o bem-escutado !
faz-se roseira, roseiral
fonte do aroma
alimento do Anjo
que sempre os guia
e lhes estende a mão
quando da travessia
de uma nova escuridão.

A mãe sem nada
a luta
todos os dias
e a guerra.
O seu riso
que tudo iluminava
as montanhas da serra
as pedras da casa
os rostos das crianças 
e o espaço que então
Deus habitava
dentro dela.

Oferecida a vida
partiram os filhos 
cheios de esperanças
cada um em sua caravela
ricos e venturosos
Sem medo,
de si mesmo um tanto
orgulhosos.

A mãe que amou
antes de ser amada
a mãe que 
o amor multiplicou
da semente do nada.



9 - 9